Hoje, acabei optando por assistir a "O Gabinete do dr. Caligari", por seu significado simbólico para mim. Eu o vi pela primeira vez na tv, por acaso, e pirei muito com sua estética! Foi amor à primeira vista e, a partir disso, comecei a me interessar por Expressionismo e (também por causa da Clara Bow) por cinema mudo. Sou suspeita para falar. Além de amar a estética dos anos 20 e do Expressionismo, adoro todo esse contraste fabuloso! O sangue alemão que corre em minhas veias borbulha com essa forte expressão de criatividade e drama. Impossível não pensar como o povo alemão brindou o mundo com mostras extremas do potencial humano: da criatividade à crueldade, das mais altas artes (sublimação? hehe) ao mais baixo sadismo... Sou da Psicanálise, não consigo evitar de pensar nisso axialmente. Enfim.
Bem, antes mesmo de começar o filme, já se percebe a importância das cores e formas. Nos letreiros, a fonte é disforme, as cores são fortes e contrastantes, há um impacto visual. Quando Franzis começa a contar sua história, o cenário mostra sua vila desenhada com linhas estranhas, convergentes ou divergentes, nunca paralelas, as portas das casas são pequenas, mas os móveis (principalmente cadeiras e bancos) são enormes, os personagens são estranhos, os closes são dramáticos. Até a música é disforme e causa desconforto (curioso que em alguns momentos a trilha sonora se parece com jazz que, pelo que me consta, surgiu nos EUA nos anos 10).

Há ainda espaço para teorizar sobre o lugar da loucura, que sempre andou junto com a criminalidade - pelo menos na representação social -, as relações de poder entre o louco e o "normal", e talvez a questão mor do Expressionismo... o que é o real? Ou, o que é o real à parte do eu?
Pretendo explorar isso um pouco melhor amanhã, mas há que se lembrar que a Primeira Guerra Mundial terminou em 1918, tendo, obviamente, influenciado no cinema alemão. Freud e Nietzsche também representaram forte influência. Ainda, para terminar, há que se mencionar o ator Conrad Veidt (Cesare), cujo papel posterior em O Homem que Ri (1928) inspirou o futuro personagem Coringa, vilão do Batman. Não é pouco para um artista, hein!
Então, recomendo MUITÍSSIMO "O Gabinete do dr. Caligari", para um deleite visual e artístico, além de questionamentos psicológicos, sociais e culturais...
Antes de postar mais coisas, preciso mexer nesse html, argh
ResponderExcluir